sexta-feira, agosto 25, 2017

Sortes e ambições diferentes para os grande lusos na liga milionária


Os sorteios valem, muitas vezes, uma coisa no papel e outra na prática. Ainda para mais quando ainda estamos a cerca de uma semana do fecho do mercado, que poderá ainda ditar várias alterações nos plantéis dos participantes na Liga dos Campeões. Contudo, olhando para a sorte que ontem foi ditada no Mónaco, fazemos uma primeira análise ao que se poderá esperar das equipas lusas.

No Grupo A, o tetracampeão nacional Benfica tem, teoricamente, a tarefa mais acessível dos três. Era a única equipa portuguesa no Pote 1, e acabou por beneficiar desse facto. Se no pote 2 pouco havia por onde escolher, calhando-lhe em sorte o Manchester United de José Mourinho, no restantes a felicidade foi maior, com Basileia e CSKA de Moscovo. A equipa de Rui Vitória tem legítimas ambições de seguir em frente, ainda que o favoritismo seja total para os ingleses, com um elenco reforçado e em excelente forma, liderando já a Premier League, ainda que só com duas jornadas disputadas.

Os suíços são uma equipa experiente na Europa e que domina há vários anos o futebol helvético. O arranque de temporada nem foi especialmente famoso, com uma derrota e um empate em quatro jornadas, que lhe valem o terceiro lugar a um ponto do líder Zurique. Já os russos, também com larga experiência de Champions, ultrapassaram os congéneres suíços do Basileia, o Young Boys, nos playoffs, mas o seu início de temporada na Liga Russa tem sido modesto, com duas derrotas e um empate em sete jogos, estando no quarto posto a já seis do líder Zenit.

Os encarnados começam e acabam em casa, precisamente contra as duas equipas que poderão ser mais acessíveis, o que é sem dúvida uma vantagem. À segunda jornada irão a Basileia, onde terão forte falange de apoio dos emigrantes lusos, jogando a jornada dupla com o United, primeiro em casa e depois fora. Uma vitória na estreia contra CSKA e pelo menos um empate em terra helvéticas, onde Seferovic jogará em casa, podem deixar os encarnados confortáveis para a jornada dupla com o United.

É complicado fazer previsões, mas o Benfica parte como claro favorito para assumir o segundo lugar e chegar aos oitavos-de-final da Champions. Com a vantagem de poder decidir esse apuramento em casa na última jornada, contra o Basileia, enquanto o o CSKA irá a Old Trafford a fechar.

No grupo D, o Sporting terá a tarefa mais difícil dos três. No futebol não há impossíveis, mas aquilo que espera os leões está muito próximo disso. Com Juventus e Barcelona no grupo, aos homens de Alvalade restará pouco mais que lutar com os gregos do Olympiacos pelo acesso à Liga Europa, um pouco à imagem do que se passou no ano passado, quando Real Madrid e Dortmund também foram adversários inacessíveis aos leões, apesar da boa réplica deixada em campo, que contudo redundou em quatro derrotas nessas partidas, acabando por perder o terceiro lugar para o Légia de Varsóvia na última ronda da fase de grupos.

Os verde e brancos começam a competição na Grécia, num jogo que poderá ser, desde logo, determinante nesse objetivo. Qualquer resultado que não a derrota deixará os homens de Jesus bem posicionados, assim como qualquer ponto extra que possa ser somado contra os dois gigantes. Outra vantagem para os leões poderá ser a última jornada em Camp Nou onde os catalães poderão ter já o apuramento garantido, utilizando uma equipa alternativa que possa dar mais possibilidades ao Sporting, um pouco à imagem do que aconteceu com o Benfica há uns anos, que foi na última jornada a Barcelona, que se apresentou com uma equipa quase C, sem que tenha, ainda assim, alcançado a vitória que lhe daria o apuramento.

Por fim, no Grupo G, o FC Porto teve um sorteio agridoce, pois não teve nenhum tubarão, como os rivais de Lisboa, mas também não tem qualquer adversário menos cotado (se bem que os rivais também não o têm, mas os dos dragões são mais equilibrados e exigentes, especialmente que os do Benfica). O Mónaco é o favorito, mas com algumas perdas do onze que encantou a Europa no ano anterior, os franceses parecem menos fortes, ainda que tenham tido um arranque muito forte, continuando o sucesso que lhes valeu o título da Liga Francesa. Falcao regressará ao Dragão, assim como João Moutinho, numa equipa que continua poderosa e cuja grande interrogação será se a jovem estrela Mbappé continuará no principado, o que fará inevitavelmente diferença.

Os restantes adversários são os turcos do Besiktas, bicampeão do seu país, e que o ano passado lutou até final com o Benfica pelo apuramento pelos oitavos, onde Quaresma pontifica e que também regressará ao Dragão, e os alemães do Leipzig, a surpresa da Bundesliga em 2016/2017, que se estreia na alta roda do futebol europeu.

Os turcos contam com vários reforços de relevo, como o português Pepe, outro regresso à Invicta, o chileno Medel, o espanhol Negredo ou o holandês Lens. A juntar a uma equipa que já era bastante forte, certamente será um rival muito complicado para os dragões. Já o Leipzig, terá como contra a inexperiência europeia, um factor que costuma ser decisivo na Champions, mas está recheada de jovens valores, como o recém-chegado português Bruma, que se junta a um ataque poderoso com dois jovens promissores, Poulsen e Werner, e ao médio Keita, que levou quase até à loucura o Liverpool pela sua contratação, mas sem sucesso.

O primeiro jogo, em casa, contra o Besiktas, num grupo tão equilibrado, assumirá um carácter fulcral para as ambições dos azuis e brancos. Uma vitória poderá lançar a equipa de Sérgio Conceição, mas um empate ou derrota pode fazer cair por terra, logo no arranque, as ambições na liga dos milhões. Até porque depois seguem-se deslocações consecutivas ao Mónaco e Leipzig, com elevadíssimo grau de dificuldade. A última jornada contra os monegascos, no Dragão, poderá ser mais fácil caso os comandados de Leonardo Jardim já tenham apuramento assegurado, tal como aconteceu com o Leicester há um ano, que foi com as reservas ao Dragão na sexta jornada, o que permitiu ao Porto golear e carimbar a passagem aos oitavos.

Foi assim um sorteio para todos os gostos, com mais facilidades e dificuldades, na teoria, para cada um dos três grandes nacionais. Benfica parte na frente como o mais provável candidato a estar nos oitavos, com o Porto logo atrás num grupo que será uma verdadeira incógnita tal o equilíbrio. O Sporting vai tentar fazer da utopia um sonho real. Ou no limite, assegurar a continuidade nas competições da UEFA via Liga Europa.

Uma palavra final para os restantes grupos. No B, PSG e Bayern não deverão dar hipóteses a Celtic e Anderlecht, com acessa luta pelo primeiro lugar entre os dois tubarões. No C, Chelsea e Atlético de Madrid partem como favoritos, com Roma à espreita, à procura da surpresa. Os estreantes azeris do Qarabag deverão ser um verdadeiro saco de pancada perante tantos adversários poderosos. No grupo E, o Liverpool e Sevilha são claros favoritos, perante Spartak e Maribor, com poucos argumentos para este nível. O mesmo se pode dizer do grupo F, onde Nápoles e Manchester City deverão passar à fase seguinte, ainda que Paulo Fonseca e o seu Shaktar possa tentar a improvável surpresa de se intrometer nesta luta, ao contrário dos holandeses do Feyenoord que parecem os menos cotados dos quatro. Por fim, no grupo H, os bicampeões europeus Real Madrid enfrentam pelo segundo ano consecutivo os alemães do Dortmund, que até venceram o grupo há um ano, mas terão também no Tottenham um rival de peso, ainda que pareça um patamar atrás de espanhóis e alemães. O Apoel, do Chipre, irá fazer pouco mais que cumprir calendário perante uma concorrência de outra galáxia.

Falta pouco mais de duas semanas para a mais emocionante competição de clubes arrancar. O céu é o limite numa viagem repleta de milhões e emoções para os 32 clubes em prova.

terça-feira, agosto 08, 2017

É caso para ir à bruxa?


Ao longo das últimas semanas muito se falou de bruxos. Como se costuma dizer, não acredito em bruxas, pero que las hay, las hay. Não faz parte deste espaço falar de bruxas, bruxos, bruxedos e maus olhados. Aqui falamos de futebol, mas efetivamente a malapata da enfermaria da Luz começa a atingir níveis surreais.

Depois de uma temporada em que, apesar do tetra, Rui Vitória teve de gerir mais de 40 lesões no seu plantel, com muitos poucos a passarem incólumes, ao invés de outros que somaram 2, 3 ou mais lesões diferentes, a tendência parece não querer mudar. À primeira convocatória para a Liga NOS 2017/2018, o treinador dos encarnados tem já seis indisponíveis, a que se pode juntar um sétimo, o croata Krovinovic, que está na fase final da recuperação de uma cirurgia. É quase um quarto do plantel atual!

É uma área sobre a qual é difícil tirar grandes conclusões, até porque muitas das lesões são traumáticas e difíceis de evitar. Porém, olhando para a realidade do Benfica face aos seus dois principais rivais, mais uma vez o número de lesões é infinitamente superior. Porto e Sporting têm praticamente todos os seus jogadores aptos para a primeira jornada (no caso dos leões tiveram, dado que já jogou o seu primeiro jogo) ao contrário das águias com todas as baixas já referidas.

Tendência crónica de muitos jogadores para as lesões? Poderá ser. Júlio César está constantemente de baixa, Zivkovic repete a segunda pré-época limitado e quase sem utilização, Horta continua a somar lesões em catadupa, Grimaldo não ultrapassa os recorrentes problemas musculares, isto só para citar alguns dos atuais lesionados. A estes podemos juntar Fejsa, que parece por vezes feito de cristal, Salvio, com tendência para lesões gravíssimas, ou até Jardel ou Jonas, que têm sofrido na última época, talvez fruto da idade continuar a avançar, problemas físicos bastante frequentes.

Ainda que a equipa apresente lacunas que precisam de ser respondidas até 31 de agosto, começa a parecer que, mais uma vez, a grande preocupação de Rui Vitória será a saúde dos seus jogadores. Não será certamente fácil para um treinador passar todas as semanas sem saber com que jogadores poderá contar nem em que condições estarão esses jogadores semana após semana, dado que, como na época passada, a questão ultrapassa muitas vezes o ter os jogadores aptos, pois as constantes paragens retiram a forma aos atletas prejudicando o seu rendimento mesmo quando aptos para jogarem.

O Benfica já fez algumas alterações no seu departamento médico mas as lesões continuam. Talvez o melhor seja mesmo ir à bruxa...